A Musicoterapia começou a ser oferecida na instituição em 2019 para o centro de dia e o núcleo de convivência dos idosos. Nessa época, a Instituição atendia um total de 30 idosos do centro dia e 70 idosos do núcleo de convivência. O centro dia é mais direcionado a idosos semidependentes, que, em geral, moram com suas famílias e passam o dia na instituição.
Em março de 2020 as atividades foram interrompidas devido a Pandemia da COVID-19, mas a partir de abril foram iniciados os processos para adaptar algumas das atividades por meio da plataforma online Zoom.
Foi constatada essa necessidade, pois os idosos estavam se queixando das consequências do isolamento social, incluindo o distanciamento dos amigos e funcionários da Instituição. Também foi identificada a angústia associada à COVID-19, tendo em vista que em todos os lugares se falava que os idosos corriam o maior risco de agravamento da doença e de óbito.
O problema central identificado foi a necessidade da criação de alternativas para minimizar as consequências negativas do isolamento social devido à pandemia, incluindo angústias, incerteza, solidão e o declínio acelerado de funções.
A instituição propôs a retomada por meio de encontros remotos oferecidos pela plataforma Zoom. Primeiramente, um vídeo explicativo com informações sobre o acesso foi gravado e enviado aos idosos. Em seguida, foi criado um arquivo com o link direto que oferecia acesso à sala virtual sem necessidade de senha. Aos poucos, boa parte dos idosos foi adaptando-se ao novo formato com o auxílio da instituição, familiares e cuidadores, quando era o caso.
Este relato aborda a implementação de atendimentos online de musicoterapia grupal para idosos durante a pandemia da COVID-19. O processo aconteceu em uma instituição Brasileiro-Israelita localizada em São Paulo capital que atende crianças, adolescentes, idosos (60+) e famílias. No geral, as atividades oferecidas pela instituição aos idosos têm como objetivo promover autonomia, ressocialização e integração por meio de atividades terapêuticas e culturais variadas.
A Musicoterapia começou a ser oferecida na instituição em 2019 para o centro de dia e o núcleo de convivência dos idosos. Nessa época, a Instituição atendia um total de 30 idosos do centro dia e 70 idosos do núcleo de convivência. O centro dia é mais direcionado a idosos semidependentes, que, em geral, moram com suas famílias e passam o dia na instituição.
Em março de 2020 as atividades foram interrompidas devido a Pandemia da COVID-19, mas a partir de abril foram iniciados os processos para adaptar algumas das atividades por meio da plataforma online Zoom.
Foi constatada essa necessidade, pois os idosos estavam se queixando das consequências do isolamento social, incluindo o distanciamento dos amigos e funcionários da Instituição. Também foi identificada a angústia associada à COVID-19, tendo em vista que em todos os lugares se falava que os idosos corriam o maior risco de agravamento da doença e de óbito.
A instituição propôs a retomada por meio de encontros remotos oferecidos pela plataforma Zoom. Primeiramente, um vídeo explicativo com informações sobre o acesso foi gravado e enviado aos idosos. Em seguida, foi criado um arquivo com o link direto que oferecia acesso à sala virtual sem necessidade de senha. Aos poucos, boa parte dos idosos foi adaptando-se ao novo formato com o auxílio da instituição, familiares e cuidadores, quando era o caso.
Neste processo foi muito importante verificar e acompanhar de perto as demandas de cada idoso para que a alfabetização social fosse bem sucedida. A Instituição contou com funcionários, cuidadores, terapeutas e voluntários que a cada encontro iam instruindo os idosos.
Alguns precisaram de maior auxílio devido a limitações físicas, intelectuais e instrumentais diversas. Infelizmente, alguns não se adaptaram ou não tinham recursos materiais e tecnológicos para a participação, mas a adesão que alcançamos indicou que, em muitos casos, a limitação em se realizar a atividade online com idosos parte do pouco preparo dos funcionários e da pouca assistência individualizada. Este público também pode aprender e se adaptar quando partimos da demanda individual.
Dentre outras atividades, os musicoterapeutas ofereceram o grupo de musicoterapia e o coro terapêutico. No total, foi identificada uma média de 10 participantes do grupo de musicoterapia e 15 para o coro. Não foram determinados critérios para a participação nas atividades, portanto, todos os idosos receberam os links. Sempre que novos participantes entravam nas transmissões, os musicoterapeutas explicavam as propostas e buscavam levantar os dados pessoais para direcionar as atividades de forma mais inclusiva.
Nos atendimentos as questões pertinentes à pandemia foram recorrentes. Percebemos a importância de permitir momentos para que os participantes compartilhassem pensamentos, comentassem notícias boas e ruins, entre outros. Foi preciso incluir momentos dedicados a essas discussões e mediados por musicoterapeutas e demais participantes. Também oferecemos oportunidades de expressar e elaborar sentimentos relacionados ao contexto pandêmico por meio do canto, composição, leitura de letras de música, audição musical, entre outros.
Por meio de selecionar e cantar as canções do histórico de vida dos participantes, e discutir as letras das músicas, foi possível estimular reminiscências, promovendo a interação entre os idosos, voluntários e funcionários. A escuta musical foi outra forma de entrar em contato com esses repertórios, muitas vezes por meio de compilados de vídeos produzidos especialmente para o grupo. A composição foi utilizada para organizar em uma canção os pensamentos e opiniões, abordando um tema específico, no caso, a “gratidão”, possibilitando discussões que culminaram em uma canção que se manteve presente durante muitos encontros seguintes.
Durante o processo também inserimos a proposta mensal do sarau artístico, quando nos reunimos para declamar poesias, crônicas, cantar, atuar, compartilhar vídeos e músicas. O principal objetivo foi minimizar as consequências negativas do isolamento social e favorecer a expressão criativa e individual. Todos se vestiam de acordo com uma temática, colocavam perucas, fantasias, roupas diferentes, e isso também contribuiu para minimizar a angústia.
Utilizamos o repertório dos participantes a fim de promover o engajamento na participação social. Por outro lado, as limitações do isolamento também favoreceram o declínio de funções importantes, com isso, atividades que utilizaram esse repertório com a estimulação da memória, atenção e linguagem também se fizeram presentes.
Para driblar o delay que impossibilitava a sincronia musical foram desenvolvidas algumas alternativas, como por exemplo, designar cada participante a cantar uma frase específica da música. A cada encontro poderíamos mudar a frase designada, reforçando a necessidade de atenção para a participação. Em outro momento, poderíamos oferecer imagens de cantores conhecidos pelos idosos, solicitando que, um a um, recordasse uma canção deste cantor.
Durante este processo, os grupos oferecidos pelos musicoterapeutas ofereceram oportunidades para que todos expressassem angústias e preocupações de forma criativa, por vezes abordando o que viviam naquele momento. Isso ofereceu a possibilidade de todos se sentirem mais seguros até a volta do encontro presencial e a vacinação.
No dia 08 de março de 2022 todos os idosos haviam sido vacinados, e as atividades remotas foram suspensas, passando a ser oferecidas apenas na modalidade presencial.
O que se esperava era oferecer um suporte terapêutico aos idosos durante o isolamento social durante a pandemia da COVID-19 e promover o estímulo de habilidades como a atenção, a linguagem e a memória por meio de experiências musicais.
Para a implementação ser bem sucedida, foi necessária uma equipe de voluntários e profissionais treinados, incluindo gestão, cuidadores, musicoterapeutas, e familiares. Cada participante também precisava de um celular ou computador com microfone, fone e internet de boa qualidade para que pudessem instalar e acessar a plataforma Zoom por meio de um link enviado pelo Whatsapp. Os musicoterapeutas utilizaram principalmente recursos como o Power Point e YouTube.
Foi possível perceber que o impacto se estendeu além dos idosos atendidos pela Instituição. Por um lado, os idosos puderam manter o contato entre si, com funcionários e voluntários da Instituição. Por vezes, seus familiares também entraram nos saraus. Voluntários e funcionários também participaram de forma ativa, trazendo histórias, cantando, jogando e interagindo. Isso pode ter favorecido a rede comunitária de suporte, minimizando o sentimento de solidão que todos estavam relatando.
Apesar de todas as dificuldades e limitações do atendimento remoto, foi possível observar oportunidades importantes. De início, notamos o aprendizado e participação efetiva de muitos idosos que se adequaram muito bem ao atendimento online, favorecendo potenciais importantes, além da autoestima e autovalorização.
As limitações do som também nos forçaram a criar desafios diferentes. Isso favoreceu com que eles escutassem mais os demais, e estimulou um maior protagonismo na participação.
Trabalhar com a tela digital individual também possibilitou atendimentos mais dinâmicos, onde oferecemos fotografias, vídeos, e gravações sonoras que foram muito importantes para estimular memórias afetivas preciosas para o processo individual e grupal.
A modalidade online também possibilitou maior acessibilidade, pois idosos que não participavam do atendimento presencial passaram a conhecer a musicoterapia e se beneficiar das atividades.
As principais dificuldades estavam relacionadas às limitações individuais dos participantes. Alguns idosos com maior limitação tinham seus familiares e cuidadores dispostos a prestar ajuda. Porém, outros contavam com os funcionários da Instituição que nem sempre poderiam prestar o suporte necessário. Isso não dependia só de questões relacionadas à tecnologia, mas também relacionadas à dificuldade em se recordar dos horários dos atendimentos e do link de acesso. Os participantes sempre eram lembrados, mas mesmo assim apresentavam dificuldades. Alguns participantes com quadro demencial também podiam ficar confusos e desorientados ao ver-nos na tela digital devido ao declínio cognitivo.
A Musicoterapia também ficou limitada em alguns pontos. Não conseguimos avaliar a participação de forma assertiva, pois não era possível avaliar amplamente a expressão corporal, nem auxiliar com os materiais, e nem posicionar o telefone/computador. Também não foi possível cantar ou tocar de forma síncrona (todos juntos), pois há um delay no som, então foi necessário criar alternativas para que todos cantassem e tocassem em diferentes momentos.
Por meio da experiência foi possível aprender que, a partir do olhar individualizado, podemos contribuir para que pessoas idosas identifiquem seus potenciais e se sintam mais incluídas. Isso favorece a participação social e a funcionalidade, e beneficia a autoestima.
Aprendemos também que a musicoterapia, quando necessário, pode oferecer intervenções online que favoreçam a saúde dentro de uma perspectiva biopsicossocial. Ainda é necessário avaliar a aplicabilidade do atendimento remoto em Musicoterapia a longo prazo, mas a modalidade ofereceu oportunidades importantes, tais como: maior acessibilidade a idosos que não podem sair de casa ou que não têm profissionais em sua região/cidade; participação simultânea de familiares e membros da comunidade que não poderiam estar em atendimento presencial; e as possibilidades do atendimento assíncrono, onde o musicoterapeuta envia vídeos, músicas, textos, áudios pré-gravados que favoreçam o processo terapêutico.
Este relato aborda a implementação de atendimentos online de musicoterapia grupal para idosos durante a pandemia da COVID-19. O processo aconteceu em uma instituição Brasileiro-Israelita localizada em São Paulo capital que atende crianças, adolescentes, idosos (60+) e famílias. No geral, as atividades oferecidas pela instituição aos idosos têm como objetivo promover autonomia, ressocialização e integração por meio de atividades terapêuticas e culturais variadas.
A Musicoterapia começou a ser oferecida na instituição em 2019 para o centro de dia e o núcleo de convivência dos idosos. Nessa época, a Instituição atendia um total de 30 idosos do centro dia e 70 idosos do núcleo de convivência. O centro dia é mais direcionado a idosos semidependentes, que, em geral, moram com suas famílias e passam o dia na instituição.
Em março de 2020 as atividades foram interrompidas devido a Pandemia da COVID-19, mas a partir de abril foram iniciados os processos para adaptar algumas das atividades por meio da plataforma online Zoom.
Foi constatada essa necessidade, pois os idosos estavam se queixando das consequências do isolamento social, incluindo o distanciamento dos amigos e funcionários da Instituição. Também foi identificada a angústia associada à COVID-19, tendo em vista que em todos os lugares se falava que os idosos corriam o maior risco de agravamento da doença e de óbito.
A instituição propôs a retomada por meio de encontros remotos oferecidos pela plataforma Zoom. Primeiramente, um vídeo explicativo com informações sobre o acesso foi gravado e enviado aos idosos. Em seguida, foi criado um arquivo com o link direto que oferecia acesso à sala virtual sem necessidade de senha. Aos poucos, boa parte dos idosos foi adaptando-se ao novo formato com o auxílio da instituição, familiares e cuidadores, quando era o caso.
Neste processo foi muito importante verificar e acompanhar de perto as demandas de cada idoso para que a alfabetização social fosse bem sucedida. A Instituição contou com funcionários, cuidadores, terapeutas e voluntários que a cada encontro iam instruindo os idosos.
Alguns precisaram de maior auxílio devido a limitações físicas, intelectuais e instrumentais diversas. Infelizmente, alguns não se adaptaram ou não tinham recursos materiais e tecnológicos para a participação, mas a adesão que alcançamos indicou que, em muitos casos, a limitação em se realizar a atividade online com idosos parte do pouco preparo dos funcionários e da pouca assistência individualizada. Este público também pode aprender e se adaptar quando partimos da demanda individual.
Dentre outras atividades, os musicoterapeutas ofereceram o grupo de musicoterapia e o coro terapêutico. No total, foi identificada uma média de 10 participantes do grupo de musicoterapia e 15 para o coro. Não foram determinados critérios para a participação nas atividades, portanto, todos os idosos receberam os links. Sempre que novos participantes entravam nas transmissões, os musicoterapeutas explicavam as propostas e buscavam levantar os dados pessoais para direcionar as atividades de forma mais inclusiva.
Nos atendimentos as questões pertinentes à pandemia foram recorrentes. Percebemos a importância de permitir momentos para que os participantes compartilhassem pensamentos, comentassem notícias boas e ruins, entre outros. Foi preciso incluir momentos dedicados a essas discussões e mediados por musicoterapeutas e demais participantes. Também oferecemos oportunidades de expressar e elaborar sentimentos relacionados ao contexto pandêmico por meio do canto, composição, leitura de letras de música, audição musical, entre outros.
Por meio de selecionar e cantar as canções do histórico de vida dos participantes, e discutir as letras das músicas, foi possível estimular reminiscências, promovendo a interação entre os idosos, voluntários e funcionários. A escuta musical foi outra forma de entrar em contato com esses repertórios, muitas vezes por meio de compilados de vídeos produzidos especialmente para o grupo. A composição foi utilizada para organizar em uma canção os pensamentos e opiniões, abordando um tema específico, no caso, a “gratidão”, possibilitando discussões que culminaram em uma canção que se manteve presente durante muitos encontros seguintes.
Durante o processo também inserimos a proposta mensal do sarau artístico, quando nos reunimos para declamar poesias, crônicas, cantar, atuar, compartilhar vídeos e músicas. O principal objetivo foi minimizar as consequências negativas do isolamento social e favorecer a expressão criativa e individual. Todos se vestiam de acordo com uma temática, colocavam perucas, fantasias, roupas diferentes, e isso também contribuiu para minimizar a angústia.
Utilizamos o repertório dos participantes a fim de promover o engajamento na participação social. Por outro lado, as limitações do isolamento também favoreceram o declínio de funções importantes, com isso, atividades que utilizaram esse repertório com a estimulação da memória, atenção e linguagem também se fizeram presentes.
Para driblar o delay que impossibilitava a sincronia musical foram desenvolvidas algumas alternativas, como por exemplo, designar cada participante a cantar uma frase específica da música. A cada encontro poderíamos mudar a frase designada, reforçando a necessidade de atenção para a participação. Em outro momento, poderíamos oferecer imagens de cantores conhecidos pelos idosos, solicitando que, um a um, recordasse uma canção deste cantor.
Durante este processo, os grupos oferecidos pelos musicoterapeutas ofereceram oportunidades para que todos expressassem angústias e preocupações de forma criativa, por vezes abordando o que viviam naquele momento. Isso ofereceu a possibilidade de todos se sentirem mais seguros até a volta do encontro presencial e a vacinação.
No dia 08 de março de 2022 todos os idosos haviam sido vacinados, e as atividades remotas foram suspensas, passando a ser oferecidas apenas na modalidade presencial.
Filiação
Instituição Brasileiro-Israelita - SP
Cargo
Musicoterapeuta
E-mail
mauroanastacio@gmail.com
Currículo
Filiação
Instituição Brasileiro-Israelita - SP
Cargo
Musicoterapeuta
E-mail
acrcd@hotmail.com
Currículo
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