Relatos de Experiência

Telemonitoramento de saúde infantil em ambulatório de Ensino da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia no período pandêmico da COVID-19

Problema/Situação:

Este relato trata da experiência de um grupo de professores da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal Da Bahia (FMB/UFBA) no período Pandêmico do COVID-19, quando por questões sanitárias os atendimentos ambulatoriais foram suspensos em Março de 2020.
Devido a questões sanitárias, foi interrompido o ensino e a extensão que era feita através do atendimento ambulatorial presencial de Pediatria Geral, Ginecologia infanto puberal no Ambulatório Materno Infantil Professor Nelson Barros (AMINB que fica no Centro de Integração Universidade Comunidade do Pelourinho ( CIUCP), na Sede Mater da Faculdade de Medicina da UFBA.


Texto completo:

Este relato trata da experiência de um grupo de professores da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal Da Bahia ( FMB/UFBA) no período Pandêmico do COVID-19, quando por questões sanitárias os atendimentos eletivos ficaram suspensos.
O Ambulatório Materno Infantil Professor Nelson Barros (AMINB), funciona desde o ano de 2009 no Centro de Integração Universidade Comunidade do Pelourinho (CIUCP) dentro da sede Mater da FMB/UFBA. Este é um espaço compartilhado e de colaboração com uma Unidade de Estratégia de Saúde da Família ( ESF Terreiro de Jesus). Neste espaço, além das ações usuais da ESF, são atendidos crianças e adolescentes advindas do Centro Histórico de Salvador, ou de qualquer outra localidade da Bahia que demandem consultas em pediatria geral ou em ginecologia infanto puberal.
No início do período pandêmico do COVID-19, havia uma preocupação crescente em como as famílias lidariam com suas questões de saúde de seus filhos para situações que não fosse urgência e o impacto da ausência de acompanhamento especializado regular na saúde destas crianças e adolescentes. Por outro lado, havia uma preocupação com riscos de deslocamentos das famílias, que não implicasse em risco maior para a saúde destas crianças.
Desta forma, foi criado um fluxo de monitoramento das questões básicas de saúde de crianças previamente cadastradas no ambulatório. Este monitoramento era feito por contato telefônico previamente agendado por um funcionário administrativo do ambulatório, e também quando alguma família solicitava uma marcação de consulta, sendo oferecido esta alternativa de atendimento.
O atendente fazia uma agenda, separava os prontuários e passava para o Professor escalado para aquele dia, que que se responsabilizava em fazer a ligação, sozinho ou acompanhado pelo médico residente do primeiro ano de que estivesse no dia. Os Teleatendimentos eram registrados no prontuário com as queixas que porventura a família fazia com as respectivas orientações do Professor. Se havia alguma situação de urgência maior as famílias eram orientadas a levar a criança a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e quando era possível, a depender da complexidade com o relaxamento das regras para atendimento presencial, algumas crianças eram atendidas presencialmente respeitando as orientações sanitárias da época.
Selecionava-se em média 5 prontuários por turno de atendimento, de segunda a sexta-feira, com busca ativa através de contato telefônico. A conversa era dirigida ao familiar responsável, no geral a mãe, e quando adolescente, a própria paciente com orientação para que o atendimento telefônico fosse feito em lugar silencioso e privativo. Eram tratados questões sobre a evolução da criança, queixas atuais, comportamento, alimentação, vacinas, sono, exposição à mídia. Solicitações de exames, receitas de sintomáticos e medicações de uso crônico, quando indicados eram deixados junto ao prontuário para que o familiar buscasse oportunamente.
Na Ginecologia infanto puberal a Professora ficava em companhia de um médico residente que acompanhava o atendimento no viva a voz no consultório em privacidade. Nas consultas de retorno era solicitado a leitura dos laudos dos exames pela paciente ou responsável e avaliado sintomas e queixas para verificar se a conduta terapêutica deveria ser mantida. A maioria dos casos dos atendimentos ginecológicos foi de corrimento vaginal para os quais foram orientados medidas de higiene, uso de roupas adequadas e produtos adequados para limpeza da região íntima. Havia também casos de dismenorréia para os quais foi orientado o uso de analgésicos habituais e registro do calendário menstrual para acompanhamento.

Houve demanda grande de consulta de primeira vez no ambulatório de ginecologia infanto juvenil, então inicialmente foi autorizado marcação dessas consultas por teleatendimento quando era feita a anamnese, e o exame físico foi pré agendado para um momento oportuno. A maioria dos casos destas consultas iniciais era para orientação contraceptiva na adolescência para as quais não é necessário exame e foi avaliado o melhor método hormonal de baixa dose (devido a elevada eficácia), juntamente foram sempre feitas a recomendação de uso regular de método de barreira para prevenção de IST e gravidez. Caso a paciente necessitasse de receita médica ou pedido de exames estes foram feitos pelo professor ou médico residente e deixados a disposição da paciente na recepção da unidade.


Objetivos/Resultado esperados:

Tínhamos a intenção manter a orientação para as crianças do Calendário vacinal, orientação para aleitamento materno e alimentação adequada/transição alimentar e verificar se havia alguma condição de saúde mais ameaçadora para aquela criança. Para as crianças e adolescentes antes atendidas no ambulatório de ginecologia infanto-puberal o objetivo foi também a orientação para situações de contracepção e prevenção de gravidez na adolescência. Esses canais de teleatendimento ficaram em aberto para os pacientes e suas famílias agendarem seu retorno e saber que poderiam tirar dúvidas e não estavam só frente a este momento tão crítico da pandemia.


Recursos:

Os atendentes da recepção do ambulatório e um telefone e os prontuários.


Resultados alcançados/Impactos:

Famílias: mantiveram os cuidados de saúde, com o aleitamento materno exclusivo, e melhorias nas práticas de transição alimentar, tratamento de condições de saúde simples, e também manifestavam com frequência o agradecimento pelo cuidado com seus filhos naquele momento sanitário crítico.
Estudantes (residentes): Manifestaram a importância do desenvolvimento da empatia, mantiveram discussões de casos clínicos e treinamento e aprendizagem puericultura e .
Professores: Senso de servir a comunidade e reforçar empatia com pacientes.
De uma maneira geral o telemonitoramento de pacientes pediátricos durante a pandemia da COVID-19, principalmente durante os meses de medidas de distanciamento social mais rígidas, foi importante para relembrar às famílias a importância do acompanhamento pediátrico de rotina na atenção básica. Fomentar boas práticas como aleitamento materno, higiene bucal, manutenção do calendário vacinal atualizado e prevenção de acidentes na infância, por exemplo, foram pontos bastante abordados durante os contatos, sempre trazendo a necessidade do atendimento presencial em tempo breve, para manter a vigilância dos dados antropométricos e indicadores de saúde, além de atentar para sinais de abuso contra as crianças.
Tínhamos um retorno sobre a saúde das famílias, foi possível fazer orientações de prevenção para o COVID-19. Foi muito importante para prevenção de doenças, gravidez, IST, promoção de saúde e estímulo a vacinação.


Desafios:

Era feito um contato inicial pelo atendente da recepção perguntando se o familiar desejava receber a ligação do pediatra/médico da unidade, então as vezes as familias não atendiam ou entendiam a proposta. O horário de conciliar a ligação e questões técnicas do aparelho de telefone, como linha ocupada. A situação foi contornada pela insistência nas ligações e ajustes de horários.


Lições aprendidas:

Esperamos não precisar vivenciar uma situação como aquela, mas hoje se um isolamento social daquela magnitude fosse necessário, iniciarmos mais precocemente as ações de orientação e com normativa atual sobre saúde digital, acho que haveria mais segurança e recursos para as ações que foram feitas naquela época.


Acesse o relato em texto completo:

Texto completo

Este relato trata da experiência de um grupo de professores da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal Da Bahia ( FMB/UFBA) no período Pandêmico do COVID-19, quando por questões sanitárias os atendimentos eletivos ficaram suspensos.
O Ambulatório Materno Infantil Professor Nelson Barros (AMINB), funciona desde o ano de 2009 no Centro de Integração Universidade Comunidade do Pelourinho (CIUCP) dentro da sede Mater da FMB/UFBA. Este é um espaço compartilhado e de colaboração com uma Unidade de Estratégia de Saúde da Família ( ESF Terreiro de Jesus). Neste espaço, além das ações usuais da ESF, são atendidos crianças e adolescentes advindas do Centro Histórico de Salvador, ou de qualquer outra localidade da Bahia que demandem consultas em pediatria geral ou em ginecologia infanto puberal.
No início do período pandêmico do COVID-19, havia uma preocupação crescente em como as famílias lidariam com suas questões de saúde de seus filhos para situações que não fosse urgência e o impacto da ausência de acompanhamento especializado regular na saúde destas crianças e adolescentes. Por outro lado, havia uma preocupação com riscos de deslocamentos das famílias, que não implicasse em risco maior para a saúde destas crianças.
Desta forma, foi criado um fluxo de monitoramento das questões básicas de saúde de crianças previamente cadastradas no ambulatório. Este monitoramento era feito por contato telefônico previamente agendado por um funcionário administrativo do ambulatório, e também quando alguma família solicitava uma marcação de consulta, sendo oferecido esta alternativa de atendimento.
O atendente fazia uma agenda, separava os prontuários e passava para o Professor escalado para aquele dia, que que se responsabilizava em fazer a ligação, sozinho ou acompanhado pelo médico residente do primeiro ano de que estivesse no dia. Os Teleatendimentos eram registrados no prontuário com as queixas que porventura a família fazia com as respectivas orientações do Professor. Se havia alguma situação de urgência maior as famílias eram orientadas a levar a criança a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e quando era possível, a depender da complexidade com o relaxamento das regras para atendimento presencial, algumas crianças eram atendidas presencialmente respeitando as orientações sanitárias da época.
Selecionava-se em média 5 prontuários por turno de atendimento, de segunda a sexta-feira, com busca ativa através de contato telefônico. A conversa era dirigida ao familiar responsável, no geral a mãe, e quando adolescente, a própria paciente com orientação para que o atendimento telefônico fosse feito em lugar silencioso e privativo. Eram tratados questões sobre a evolução da criança, queixas atuais, comportamento, alimentação, vacinas, sono, exposição à mídia. Solicitações de exames, receitas de sintomáticos e medicações de uso crônico, quando indicados eram deixados junto ao prontuário para que o familiar buscasse oportunamente.
Na Ginecologia infanto puberal a Professora ficava em companhia de um médico residente que acompanhava o atendimento no viva a voz no consultório em privacidade. Nas consultas de retorno era solicitado a leitura dos laudos dos exames pela paciente ou responsável e avaliado sintomas e queixas para verificar se a conduta terapêutica deveria ser mantida. A maioria dos casos dos atendimentos ginecológicos foi de corrimento vaginal para os quais foram orientados medidas de higiene, uso de roupas adequadas e produtos adequados para limpeza da região íntima. Havia também casos de dismenorréia para os quais foi orientado o uso de analgésicos habituais e registro do calendário menstrual para acompanhamento.

Houve demanda grande de consulta de primeira vez no ambulatório de ginecologia infanto juvenil, então inicialmente foi autorizado marcação dessas consultas por teleatendimento quando era feita a anamnese, e o exame físico foi pré agendado para um momento oportuno. A maioria dos casos destas consultas iniciais era para orientação contraceptiva na adolescência para as quais não é necessário exame e foi avaliado o melhor método hormonal de baixa dose (devido a elevada eficácia), juntamente foram sempre feitas a recomendação de uso regular de método de barreira para prevenção de IST e gravidez. Caso a paciente necessitasse de receita médica ou pedido de exames estes foram feitos pelo professor ou médico residente e deixados a disposição da paciente na recepção da unidade.

Equipe


Responsável:
Luís Fernando Fernandes Adan

Filiação
UFBA
Cargo
Diretor da FMB/UFBA
E-mail
luis.adan@uol.com.br
Currículo

Regina Terse Ramos

Filiação
UFBA
Cargo
Professora Associada, FMB/UFBA – Coordenadora do Ambulatório AMINB
E-mail
reginaterse@gmail.com
Currículo

Selma Alves Valente do Amaral Lopes

Filiação
UFBA
Cargo
Pediatra e Neonatologista – Professora Adjunta
E-mail
selma.lopes@ufba.br
Currículo


Membros:
Angelina Xavier Acosta

Filiação
UFBA
Cargo
Pediatra e Geneticista – Professora Titular
Currículo

Claudia Barcelar

Filiação
UFBA
Cargo
Pediatra, Professora Titular
Formação acadêmica
Pediatra
Currículo

Rozana dos Santos Teixeira

Filiação
UFBA
Cargo
Pediatra - Profa Adjunto de Pediatria
Formação acadêmica
Pediatria
Currículo

Teresa Cristina Martins Vicente Robazzi

Filiação
UFBA
Cargo
Pediatra e Reumatologista Pediatra - Profa Associada de Pediatria
Formação acadêmica
Pediatria
Currículo

Marcia Sacramento Cunha Machado

Filiação
UFBA
Cargo
Ginecologista e Obstetra, Professora Associada no Departamento de Ginecologia, Obstetrícia e Reprodução Humana,
Currículo

Maria Heloina Moura Costa Campos

Filiação
UFBA
Cargo
Pediatra – Professora Auxiliar
Formação acadêmica
Pediatria
Currículo

Outras Informações


COLEÇÃO

Saúde Digital

ÁREA TEMÁTICA

Tele-Monitoramento

Situação da experiência

Implementada e em operação regular

DATAS

Início: 2020-03-01

PAÍS

Brasil

ESTADO/REGIÃO

Bahia

CIDADE

Salvador

Local

Ambulatório Materno Infantil Professor Nelson Barros (AMINB) que fica no Centro de Integração Universidade Comunidade do Pelourinho ( CIUCP), sede Mater da FMB/UFBA, no Centro Histórico de Salvador, BA.

POPULAÇÃO

Criança

IDIOMA

Português

Descritores

Pediatria
Cuidado da Criança
Telemonitoramento
Serviços de Saúde Materno-Infantil
Telemedicina

Palavras-chave

Assistência à saúde da criança
Ginecologia infanto-puberal
Tele atendimento