BVS Saúde Pública, a primeira da Rede BVS Brasil

 

Durante 10 anos, de 2003 a 2013, estive à frente da BVS-SP quanto aos projetos de responsabilidade da Biblioteca Centro de Informação e Referência (CIR), da Faculdade de Saúde Pública da USP (FSP/USP). O desafio era inserir nas atividades de rotina da Biblioteca as ações da BVS-SP, uma vez que as verbas para contratação de terceiros para o desenvolvimento dos projetos tinham duração de 24 meses. Após esse período, os projetos tendiam a parar.
Assim, foi decidido pelo Grupo Gestor da Biblioteca, sob minha direção, mudar de estratégia quanto aos projetos, não somente os da BVS, mas também aos demais relativos à Universidade e à Faculdade. A mudança consistiu na capacitação e no maior comprometimento da equipe da Biblioteca nas atividades dos projetos. A Biblioteca, porém, já vinha atuando em seu novo modelo de gestão descentralizada, baseado em equipes auto gerenciadas.
A descentralização – Os projetos da BVS-SP tiveram a coordenação descentralizada, ficando um bibliotecário responsável por cada projeto, porém com a equipe toda à disposição para realizar as atividades. Isto mantendo a rotina das atividades da Biblioteca. A ideia é que cada bibliotecário e/ou técnico dedique cerca de 2hs/dia a algum projeto. Desta maneira, o responsável por um projeto pode selecionar sua própria equipe, limitado a este horário disponível, independente da hierarquia ou chefia desses funcionários.

A integração – Outra decisão foi contar com a colaboração de pós-graduandos da FSP/USP complementando a equipe extra-quadro. Isto porque, sendo eles especialistas em saúde pública e usuários das BVs, poderiam desenvolver as atividades da BVS-SP de forma mais racionalizada, competente e eficaz. O desafio foi ensinar-lhes as técnicas da biblioteconomia demandadas pelas atividades dos projetos. Esses alunos eram pagos com as verbas destinadas ao desenvolvimento dos projetos, enquanto durassem. Portanto, eram atividades temporárias para esses alunos. A flexibilidade de horários foi essencial para que os alunos permanecessem.

A capacitação – Os treinamentos ministrados pela Bireme, ou contratados de acordo com a demanda do projeto, tinham a participação dos bibliotecários ou técnicos da Biblioteca. Isto garantia a permanência do “saber fazer” na Biblioteca. Desta forma, mesmo terminando os projetos a atividade não seria interrompida por falta do extra-quadro. O funcionário capacitado ensinava o pós-graduando, e estes, mantinham atividades conjuntas.

A multidisciplinaridade – A Faculdade de Saúde Pública da USP (FSP/USP), pela sua trajetória, tem seu cerne na multi, inter e transdisciplinaridade. Trata-se de área com pesquisadores e pós-graduandos das mais diversas formações – biólogos, médicos, dentistas, veterinários, estatísticos, demógrafos, físicos, químicos, arquitetos, jornalistas, cientistas sociais, enfermeiros, engenheiros, para citar alguns. O contato com esses saberes foi de grande ajuda na estruturação da BVS-SP.

A oportunidade – como a Universidade oferece diversos Programas de apoio ao aluno de graduação e pós-graduação, quando possível apresentávamos projetos para bolsistas nas temáticas da BVS-SP. Assim tivemos algumas gerações de bolsistas colaborando na Audioteca, no LIS, nos metadados, etc.

Neste modelo conseguimos algumas experiências marcantes:
• Novas áreas temáticas e assuntos como o Desenvolvimento e Atualização da Terminologia em Saúde Pública, a Adequação dos descritores da Categoria SP (Saúde Pública) do DeCS aos 24 Macrotemas que compõem a Estrutura Temática da área da Saúde Pública.
o Audioteca – com a doutoranda Cláudia Malinverni, que colabora neste projeto que consiste na gravação em áudio dos resumos das teses produzidas e defendidas na FSP/USP.
o Cidades Saudáveis – desenvolvimento e manutenção de uma base de dados especializada na temática.
• Textos completos (TECOM) que originou a Editora Eletrônica da FSP/USP.
• LIS – Coordenação nacional e operação do Localizador de Informações em Saúde (LIS), de forma a ampliar a captação de informações, a fortalecer a validação dos sites e a promover a disseminação desta fonte de informação da BVS-SP.
• LILACS-SP – Coordenação e operação do controle bibliográfico, inserindo também textos completos e novas mídias (áudio, CD, vídeo, DVD, materiais gráficos) na LILACS.
• Avaliação da base LILACS a sua política de indexação no que diz respeito ao conteúdo técnico-científico em saúde pública.
• Portal de revistas – revisão dos registros e títulos e elaboração do documento ”Critérios para seleção de periódicos para o Portal da BVS-SP”.
• Portal de Teses – colaboração por meio da alimentação do Diretório de Defesas, do envio de notícias e da disponibilização (via LILACS) de teses defendidas na FSP/USP e de outras unidades da USP.
• Notícias – manutenção do envio de notícias para divulgação na área de Destaques e informes sobre eventos para o Diretório de Eventos e da BVS-SP.
• Curso Virtual – Elaboração de conteúdos para o curso virtual de acesso e uso da BVS-SP, sob a coordenação da Bireme, com a finalidade de capacitar seus usuários remotos. Desenvolvimento de curso piloto visando adequação de conteúdo, metodologia, definição de público-alvo, necessidade de pré-requisitos, entre outros aspectos para a implantação definitiva do curso.